Musculatura Emocional. Como desenvolvê-la?

Vejo com muita frequência pessoas buscando formas de melhorar os seus relacionamentos e aprender a lidar com situações que incomodam. Partindo da certeza que estamos em um eterno treinamento e que vamos errar, mesmo querendo acertar, como desenvolver a musculatura emocional necessária para não desabar a cada erro seu ou do outro? Como não cair em frustrações profundas e passar anos falando que não tem mais expectativas, pois, já aprendeu que não vale a pena alimentá-las?

A vida é um grande somatório de relações que geram experiências e aprendizado. Quando paramos, ou desistimos, de criar expectativas entramos no piloto automático e perdemos o vínculo afetivo com as pessoas e os processos. Assim todos os dias parecem iguais, sem emoções e nenhum aprendizado. Perdemos nosso jeitinho de ser e confortavelmente vamos vestindo aquela roupa de vítima que tanto cai bem. Afinal eu tentei, mas o mundo não fez a sua parte.

Você já parou para pensar quantos infinitos tipos de desafios/problemas/circunstâncias/situações existem no mundo? Por que será que as que aconteceram comigo justamente foram acontecer comigo? E muitas vezes se repetiram ao longo dos anos disfarçadas de novo chefe, novo cônjuge, novo vizinho, amigos, família?

Quando penso que melhorei e resolvi, algum tempo depois, lá está a mesma situação de novo. Gosto de uma frase que diz, “Aquele que não conhece a própria história tende a repeti-la”. E ai? Será que eu mudei mesmo? Ou acabo fazendo tudo bem parecido e no fim me frustro de novo?

Descobrir os padrões de comportamento é a grande chave. Para conseguir transformar como você age para fora é necessário conhecer como você age para dentro. Pense em uma situação que te incomoda e já se repetiu várias vezes. Quais sentimentos estão presentes nessa situação? Desde quando você se sente assim? Qual a origem desses sentimentos?

Descobrir que a causa dos incômodos está em você é maravilhoso, pois, assim a solução está também!

Tendo isso no radar constantemente, a vida vai continuar te tirando para dançar e rapidamente alguma situação te colocará cara a cara com um desses incômodos. Tcharan! E agora? O que fazer? Vou parecer falso se agir diferente? Como honrar o que estou sentindo? Provavelmente nas primeiras vezes você continuará fazendo o que sempre fez, mas agora com consciência.

O segredo da mudança é ir transformando de forma gradual e constante a forma de enxergar o mundo. Não adianta não estourar no trabalho, controlar e engolir os sentimentos e chegar em casa, no trânsito, no mercado, com seu cachorro e soltar tudo. É preciso transformar o seu sentimento mais profundo justamente para não acumular, pois, a intensão é conseguir transformar a forma de enxergar coisas ruins em coisas boas. Esse sentimento está além das sensações, além do controle mental, é aquele que não temos acesso fácil. Aqui entra o trabalho de formiguinha, de exercitar essa nova forma de viver com toda e qualquer situação, todos os dias. Não é fácil, mas é possível e os resultados são imediatos. Em pouco tempo, as pessoas ao seu redor percebem que algo mudou em você.

Quais sentimentos eu sinto com mais frequência durante um dia? Tente fazer esse mapeamento. Agora multiplique esses sentimentos por 365 dias. E agora por 90 anos. Os sentimentos que mais você sente hoje, muito provavelmente você sente há muito tempo, e se não darmos atenção para isso, iremos repeti-los por décadas. Se vivermos a vida de forma passiva, com a síndrome de Gabriela “Eu nasci assim, eu cresci assim, serei sempre assim”, perdemos a chance de mudar nossos destinos.

Desta vida nós só levamos as sensações. Cada momento que vivemos gera um sentimento e esse sentimento é marcado na nossa alma.

Reflexão para o sono: Se você pudesse dar uma olhadinha na sua alma, quais marcas você enxergaria?