Ouço com bastante frequência pessoas dizendo que gostariam de sair do local onde trabalham hoje, porém têm medo de manchar o currículo e não saber como explicar numa futura entrevista.
É curioso perceber como a imagem que o mundo tem de mim é mais importante do que as certezas que eu tenho de mim e a imagem que eu tenho do mundo onde estou. Trabalhar onde eu não estou aprendendo e nem contribuindo faz bem para quem? Eu não gosto do que faço, provavelmente não vou atender bem meus clientes (internos e externos) e com isso meus superiores/pares também não serão as pessoas mais felizes do mundo. É um círculo de frustrações e incômodos.
O que segura é a esperança de que se eu aguentar o máximo que eu puder no futuro terei um bom currículo e conseguirei algo melhor. O problema nessa equação é que o fator transformação pessoal não é levado em consideração. Nós vamos nos acostumando com tudo, coisas boas e coisas não tão boas. O que antes parecia ser um sonho a se conquistar, de repente vai se tornando algo tão tão tão tão distante que vai caindo no esquecimento. Vou me tornando uma versão diminuída e amedrontada de mim mesmo. Me transformo no que foi possível ser feito enquanto investia pelo menos 12 horas de cada dia num local onde eu não estava contribuindo e nem aprendendo.
O tempo passa e com ele as nossas energias diminuem se não somos retroalimentados, se não estamos no lugar onde deveríamos estar (ou pelo menos não estar onde sabemos que não deveríamos estar). Quando percebe, os cabelos estão caindo, a gastrite virou úlcera e você ainda não sabe por que isso está acontecendo justo com você.
É necessário tomar as rédias da sua vida nas mãos! Mudança de emprego e transição de carreira é difícil sim, pois, o frio na barriga é proporcional a alegria sentida quando você encontra o lugar onde você quer estar agora. E esse encontro não será necessariamente de primeira, quem disse que o primeiro pedido de demissão precisa ser o último? Quem disse que temos apenas uma chance para acertar?
A atividade profissional exercida deve se adequar a sua forma de ver o mundo hoje e não ao contrário! Nada é perpétuo pelo-amor-de-deus!!!!! Aquele papo que com 18 anos você tem que escolher o que vai fazer pelo resto da vida, é uma prisão desnecessária. É importante planejar com mínimos detalhes grandes decisões, mas também é importante saber que a vida vem e ela não vai tentar se encaixar nos seus planejamentos. Deixe espaço no coração e na mente para trocar o rumo, mudar de ideia, testar. Por acaso existe idade máxima para tentar ser feliz?
Você passou a vida inteira gostando das mesmas coisas? Cada fase é composta por suas preferências, pessoas marcantes, lugares importantes. Tu-do muda sempre! Por que o interesse pela atividade profissional seria diferente?
Tenha um objetivo do por que quer investir o seu tempo e energia com determinada atividade profissional. Monte estratégias de como atingir esse objetivo (conhecer tais pessoas; participar de tais projetos; juntar X dinheiro; gerir uma equipe por X tempo e etc), e ao longo do percurso vá utilizando-as da melhor forma. Quando nenhuma estratégia fizer mais sentido é o indicativo de que está na hora de trocar o objetivo, ou por que já foi realizado, ou por que a realidade mudou, ou por que você mudou. Você pode permanecer na mesma atividade profissional, buscando e entregando outros aspectos, ou será necessário procurar outra que se encaixe melhor ao novo objetivo.
O importante é você ser sempre o responsável por todas as decisões da sua vida. Quem sabe o que é importante para a sua carreira, saúde e felicidade é você, e não alguém do RH ou futuro chefe que você nem conhece.
Seja o narrador e o protagonista da sua história!